17 de abril de 2010

cena 1 (ou a última?)

Ela viu o vagão esvaziar-se e ficou feliz por isso, mas não sentou-se, já ia descer dali duas estações.
Ele entrou quando o apito já tinha tocado, meio correndo, meio calmo, e a fez perceber inevitavelmente sua presença e seu cheiro. Ele era muito bonito.
Ela logo pensou que jamais teria alguém como ele em sua vida, ele estava de camisa social.
Ele logo pensou que jamais teria alguém como ela em sua vida, ela tinha o brilho nos olhos que só os jovens têm. E os cílios mais lindos que ele já vira piscar!
Ela se olhou no reflexo DO ViDRO e percebeu o quanto não estava nada atraente.
Ele sentou na cadeira em frente dela e pode sentir seu perfume doce como o da primeira namorada dele no colegial. Ele a observou disfarçando, PELO ViDRO.

OS OLHARES SE ENCONTRARAM!

Ela não corou.
Ele não sorriu.
Ela olhou pro outro lado rapidamente.
Ele desviou sua atenção pro botão da manga da camisa, que havia aberto.
Ela se virou de volta mas continuou desviando o olhar, dessa vez para baixo, e percebeu: apesar da camisa social, ele estava de calça jeans.
Ele fechou o botão e decidiu parar de disfarçar, olhou pra ela e pegou o exato momento em que ela ria contida da calça jeans dele, ele percebeu que ela não era tão nova assim.

OS DOiS SE ENCANTARAM!

Ela percebeu que a próxima era a sua estação e, morta de vergonha do que havia acabado de nascer e ser percebido pelos dois, saiu de perto dele em direção à porta.
Ele pensou se devia evitar que ela fugisse dele, talvez pra sempre, mas continuou sentado, só pensando.
Ela parou em frente à porta e pensou se ele se assustaria caso ela pulasse no colo dele e o beijasse com toda a paixão que os joelhos dela não paravam de demonstrar, trêmulos.
Ele observava o quanto ela estava deicida a deixá-lo e a admirava por isso.
Ela desistiu pra sempre de amá-lo, e resolveu dar a última olhada nele ali, sentado, fraco e incapaz de correr pra impedir sua partida.
Ele resolveu atacá-la e antes de levantar dobrou a cabeça pro lado de modo a deixá-la perceber que ele a queria mais que tudo naquele momento.

OS DOiS SE PERDERAM!

Ela sorriu, de ver o desespero dele.
Ele sofreu, de ver o pseudo-orgulho dela.

OS DOiS DESCERAM!

Ela percebeu que ele viria atrás dela e, mais rápido que pôde se juntou à multidão da escada sem olhar pra trás, pra não criar chances de encarar, de novo, os olhos mais lindos que ela já havia desejado.
Ele percebeu que tinha perdido o único momento em que ela fora inteiramente dele, sem dúvida alguma e resolveu voltar pro vagão com medo de a rejeição ser concretizada em palavras.

OS CORAÇÕES BATERAM JUNTOS E APERTADOS.

Ela subiu a escada que saía do metrô pra Paulista com o Sol impedindo seus olhos de abrirem completamente e pensando o quanto seria bom, num fim de tarde lindo como aquele, tê-lo ao seu lado para caminhar e viver, se ele não tivesse se assustado tanto com o fato de ela ser mulher suficiente pra ele.
Ele sentou-se de novo no vagão, agora mais vazio que antes (o vagão e ele), e pensou o quanto seria feliz caso ela tivesse reagido à fraqueza dele e tomado a atitude que ele não conseguiu.

ELE NÃO SABE, MAS ELA PODERiA PASSAR A ViDA TODA FAZENDO CARiNHO NOS CACHiNHOS DELE, SEM EXiGiR QUE ELE MOSTRASSE O HOMEM FORTE QUE ELE (NÃO) É.



(..sómaisumahistóriadeamor..)

Um comentário:

  1. Putz Giovana...não percamos a proxima oportunidade então,amei!Tudo muito parecido...e já foram muitas vezes,mas nunca me arrependi tanto de não ter feito diferente como desta última...
    Bjos,
    Marcelo Diaz.

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