15 de junho de 2010

uma declaração desculpação!

(texto dedicado à minha mais linda amiga: Mariana Boccara)

Ela entrou na minha vida do jeito mais desconfiável que podia ter entrado. Apareceu no primeiro dia de aula, sem aviso prévio, quando eu estava morrendo de saudades de uma turma da qual ela, decididamente, não fazia parte.
Bonita demais, boa atriz demais, falante demais e o pior, SOCiÁVEL demais... No mundo das pessoas normais ela é uma menina incrível da qual todos gostariam de ter por perto. No mundo das pessoas inseguras como eu, ela era alguém que me dava medo.
Sempre deu!
Nunca conseguia entender como ela simplesmente fazia as perguntas que eu sempre morria de vontade de fazer mas tinha receio, medo, vergonha ou qualquer outro tipo de sentimento PODRE daqueles que não ajudam em NADA a gente que os tem. Ela simplesmente perguntava. Comentava. Respondia. Exatamente do jeito que a menina falante que viveu em mim até 5 anos atrás faria. Exatamente como a menina falante que mora DENTRO de mim faz o tempo TODO.
E como isso me atormentava.
Estudiosa, trabalhadora, esforçada, independente.. Com quase a minha idade morando sozinha nessa cidade louca num apartamento que não seria de mais ninguém a não ser dela de tão lindo, fazendo balizas péssimas com seu golf de bandido e sempre correndo os riscos que as pessoas que vivem essa cidade em sua totalidade correm: assalto aqui, acidente ali, multa acolá...
E como demorou pra eu entender o quanto ela era especial.

A vida inteira eu sofri com as coisas que acabavam e levavam junto as pessoas conquistadas. Escola que acaba, prédio que a gente se muda, amiga que vai embora... Sempre foi difícil pra mim essa história de conseguir "desapegar" das pessoas...
E acho que, uma certa altura da vida (essa que eu fui ficando chata demais, exigente demais, quieta demais...) eu comecei a desistir de me deixar ser conquistada por essas pessoas que, possivelmente, iriam acabar sendo retiradas a força da minha vida. Comecei a decretar que as pessoas eram, simplesmente, as amigas ou amigos DAQUELA ÉPOCA e que eu sempre deveria estar preparada pra, a qualquer hora, ser obrigada a continuar a viver sem elas!
Ok, isso nunca deu certo!
Eu continuo tendo saudades dos amigos da pré-escola, continuo sem entender como aquela amiga que foi a minha maior companheira durante todo o colegial não me deixa sequer um recado no orkut de vez em quando, continuo sofrendo de saudades de pessoas que não vieram com avisos de "passageiras" na testa. Mas passei a controlar (ou tentar) os sentimentos com relação à essas pessoas.

E ela, tinha tudo pra ser uma dessas.
Entrou pra mais da metade do curso: "iiixi, certeza que a gente nem vai mais se ver quando acabar."

E como a gente se engana!
Foi exatamente perto do fim que eu fiz a amizade que mais duraria, quem diria?!
Tirei ela logo no amigo secreto de Páscoa, primeiro com ela na turma, quebrando a rotina de tirar o irmão que eu já tinha conquistado pra sempre. Se ela não tivesse entrado, eu o teria tirado pela terceira vez, tenho certeza!
E ela no fim do ano falou: "Os presentes da Gigi são sempre os melhores!". Mania eterna minha de aproveitar quando tiro alguém de que gosto muito. Fico tão tão* feliz, que acabo fazendo mil presentes, sempre mais que o combinado, só pra agradar e pra pessoa saber o quanto fiquei feliz de poder presentear exatamente ELA!

E essa noite, aconteceu exatamente o contrario.
Ela me respondeu uma mensagem, como quem se deixa transparecer triste. E não era pra menos.

Ao longo de 3 anos no Célia mudei TOTALMENTE meu conceito sobre alguns amigos.. Não conseguia aceitar que, aquela amiga que se diz me ter como uma de suas melhores, não podia NUNCA* assistir a minha peça, sendo ela de fim de semana ou não. Algumas das pessoas que queria tão* bem me mostraram que talvez eu não seja tão importante pra elas como elas são pra mim. Ou sou. Talvez elas apenas não tenham tempo (ou saco) de ir ao teatro, um diazinho que fosse, pra poder ver no que eu estava me transformando.
E isso é uma das coisas que mais me magoa.
Teve gente que falou durante os 3 anos que ia. E SEMPRE* aparecia uma desculpa. Sempre alguma coisa diferente e, claro, inaceitável!

Eu to moro numa cidade maluca, to vivendo uma fase maluca e deixando, cada vez mais, essas coisas me deixarem maluca.
Cada dia que passa eu consigo menos ter certeza sobre as coisas. Sobre pra onde eu quero ir e sobre como eu quero ir. Cada dia é mais difícil conseguir tomar uma decisão e ir atrás dela, das pequenas às grandes coisas, eu estou dizendo.

E hoje não foi diferente.
A minha confusão foi me fazendo perder o foco e quando eu vi, tinha acabado de perder uma coisa que eu realmente não queria ter perdido. Era o último dia da peça dela, que começava 20:30, eu tinha registrado que era as 20 EXATAMENTE pra não correr o risco de atrasar, e quando eu olhei pro relógio, eram 20:07 e eu ainda estava de toalha.
Teatro longe.
Cidade louca.
Transito infernal.
Transporte publico imprevisivel.
Último dia da peça.
OK,
FODEU!

Por um momento pensei em ligar e perguntar pra ela se geralmente a peça atrasa (geralmente elas atrasam) mas seria em vão.. Eu não ia conseguir chegar lá 10 ou 15 minutos atrasada. ia demorar mais que isso. BEM mais!

Desisti e fui tomada por uma tristeza imensa de lembrar que desde o ano passado ela me convidava pra ir assistir essa peça e eu, já tinha tido várias oportunidades e acabei deixando pra última. De todas. Pq da última vez que era a última eu também deixei passar pq sabia que iria prorrogar a temporada. Bobeira.
Bobeira de quem sempre faz essa bobeira de deixar pra última hora, pro último dia, pra última oportunidade. Problema que eu preciso, URGENTEMENTE, resolver, pra parar de ver as coisas darem errado pra mim.

Pensei em colocar a roupa mesmo assim, passar no shopping e com o dinheiro que iria pro ingresso comprar umas flores e ir espera-la na porta do teatro, pra quando acabasse a peça eu poder (tentar) me desculpar. Não dava. O dinheiro era curto e não ia ser suficiente pra eu comprar nada que me agradasse dar de presente pra ela e, exigente como sou com presentes, não ia comprar qualquer coisa só pra constar. Preferi ficar. Mandei mensagem pra ela dizendo o quanto eu sentia muito por não ir mas que não ia conseguir chegar a tempo, a verdade, pq eu sei que ela não duvida que isso tenha acontecido comigo. Ela, cheia de toda razão que eu não tiro, respondeu "Nossa gi tb to triste. Bjo".
Ok
Como faz pra juntar os cacos de nós mesmos depois que, saber que entristecemos alguém querido simplesmente, DESMONTA a gente?

Voltei pro banho do qual eu não queria mais sair pra não ter mais que pensar em como resolver essa tristeza, se é que tem resolução.
Lembrei o quanto ela sempre diz que gosta de como eu escrevo. Lembrei o quanto ela é uma das poucas pessoas que lê (e diz gostar!) tudo que eu escrevo. Melhor, lembrei do quanto eu gosto de saber e ouvir ela repetir que gosta do que eu escrevo.
Ok, é isso. Eu vou escrever um texto pra ela.
Dificil isso de dedicar um texto pra alguém, o meu amigo tão querido Chico Ribas dedicou um pra mim esses dias e eu fiquei cheia de felicidade e orgulho por poder ler e chamar aquele de "meu" texto.
Mas não seria um texto qualquer.
Eu iria escrever um texto pra ela, sobre ela, pedindo desculpas a ela, e contando coisas que eu penso sobre ela que nunca antes havia dito.

E aqui está.

Talvez um dos mais sinceros e cheios de carinho já escritos por mim.
Pra dizer à minha amiga querida, que não é dificil pra mim passar uma hora (ou mais) pensando só nela, fosse no teatro, fosse aqui em frente ao computador. Ela vale mais* que isso e eu preciso ter certeza que ela não duvida disso.

Duas vezes ela me fez mudar de ideia sobre não sair de casa em uma noite que, aparentemente, não seria boa.
Na primeira, ela me disse: "eu não tenho muitas amigas que fariam isso por mim!"
Na segunda, ela estava aqui em casa, com o Tai, insistindo pra me tirar de um sentimento duro que estava me corroendo por dentro e eu pensei: "eu não tenho muitas amigas pelas quais eu faria isso!"

Acho que essa é a maior diferença entre nós duas. Você fala o que eu só consigo sentir. Ou escrever. E a gente se entende TÃO* bem assim!

(claro que o fato de a gente conseguir se entender até bebadas de catuaba também conta!)

Você é uma de poucas*.
Eu espero que você saiba disso.
E que me desculpe por hoje.

Um beijo grande, cheio de carinho e tristeza, pela minha falta.
Gigi !

Um comentário:

  1. Puxa! Até eu chorei com esse. Só pq eu sei como vc ficou e consigo sentir tudo isso que vc disse conhecendo vc como eu conheço. E a Mari é sim incrível. E por isso mesmo eu sei que, apesar dela ter ficado triste, ela te entende. Até pq ela ainda fará muuuitas peças para nós a prestigiarmos em todas as outras.

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