27 de janeiro de 2018

A bailarina.

Frequentemente me pego em dúvida quando me perguntam: "Ah, você é bailarina?".
Explico.
O que define uma pessoa LITERALMENTE como bailarina? Certificado da Royal? DRT? Faculdade? Se for em alguma dessas opções burocráticas a resposta é fácil, não sou.
Eu comecei a dançar aos 3 anos, parei dos 13 aos 18 e desde então, aos trancos e barrancos, nunca mais larguei mão do ballet, ou seja, por aí temos quase 20 anos de plies e de quintas posições que NUNCA fecharam!
Se eu danço? Sim. Isso me torna bailarina? Não sei.
Mas e quem coloca o collant, a saia e a sapatilha e representa uma dança? Pode ser considerada uma bailarina?
Venho concluindo que provavelmente essa bailarina seja meu alter ego.
E nessas caminhadas pelo "entorno" (palavra adquirida há pouco.) da 24 de Maio, enquanto "todos" estão em horário de trabalho, venho me misturando frequentemente à bailarina e levantando diversas dúvidas.
A bailarina expõe muito do que há dentro de mim. A bailarina se parece TANTO* com quem eu queria ser que eu chego a me perder. A bailarina representa um passado mas também representa muito do que eu quero pro meu hoje, pro meu agora. A bailarina me deixa confusa, paradoxal e contraditória. A bailarina têm me feito praticar aquela educação do: "Eu agradeço esse pensamento e o deixo ir!". A bailarina me faz duvidar da liberdade que eu tanto prezo. A bailarina me faz ver poesia onde tem e onde não tem. A bailarina erra e acerta sobre a Giovanna e a Giovanna erra e acerta sobre a bailarina. A bailarina me faz dançar conforme uma música que só eu escuto. A bailarina as vezes me deixa com um sorriso bobo no rosto, as vezes me deixa orgulhosa, as vezes me deixa envergonhada, as vezes me deixa fake. As vezes a bailarina está bem dentro de mim, as vezes ela surta, as vezes ela não quer dançar.
Fato é que essa história da bailarina ter vindo à tona nesse momento de começo de ano, tá me fazendo questionar, refletir, repensar, tá me fazendo bem. Isso é um ponto a ser levado em conta, aliás. A bailarina pode até confundir minha arte, as vezes. Mas ela nunca me deixa SEM a arte. E isso é fundamental.
Não sei responder ainda a pergunta sobre eu SER* bailarina. Mas que dentro de mim mora uma bailarina um pouco caricata e talvez menos técnica do que se espera de uma clássica, sobre isso não nos resta dúvida alguma. Se o que importa é a paixão e não o ontem ou o amanhã, a bailarina vai continuar bailando seus saltos por aí pelo centro antigo, bem solta, ousada e livre. Como deve ser!
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